Cerro os olhos, a escuridão me invade.
No fundo uma luz ténue teima em brilhar, em se fazer ver. Tento alcançar, quanto mais perto me sinto, mais longe de a alcançar me encontro.
Estranho e ambíguo sentimento este o de perto sentir e o de longe encontrar. Percorrendo o caminho, tropeço, caio e de imediato me levanto. Olhando para trás não vislumbro obstáculo, observo que tal como para diante o caminho se encontra livre, pronto a ser trilhado, desafiando os passos inseguros, tentados a evoluir para uma corrida vertiginosa almejando alcançar a luz teimosa e brilhante definida como objectivo. O passo aumenta de intensidade, o eco do chão oco entoa no inconsciente, hipnotizando, estabelecendo uma cadência de caminhada cada vez mais célere.
De olhos fitados no chão, descubro que a responsabilidade do movimento não é minha, é sim do próprio caminho que se vai esvaindo em direcção ao infinito impulsionando-me numa jornada acelerada de uma caminhada que me faz percorrer as amarguras de quem não anda por si, mas de quem é conduzido pelo seu próprio caminho.
Passos inseguros, passos inconstantes, caminho andante sem nexo, este é o percurso imposto por algo, alguém, ente superior que não sei se existe, não sei se entendo, mas que se manifesta a espaços com dádivas de alegria, de tristeza, de uma importante magnitude inexplicável.
Os caminhos percorridos no passado como que se apagam, com a construção de um futuro recente, como que se sobrepondo não deixando marcas vincadas, mas que a certa altura se manifestam como uma sensação de "dejá vu"; mas cujo o significado se mantém, imperceptível, inatingível até.
A cada caminhada construida o passado deveria ser o alicerce do futuro, as vivências passadas ensinamentos para o futuro.