No alto da torre.
Duas almas teimavam em se fazer tímidas. A oportunidade poderia
ter surgido inúmeras vezes, contudo a coragem não deu o passo em frente
e o momento foi adiado. Tudo estava propicio para que ali se desse o
acontecimento. Algo que de tão simples se complicava pela importância
que havia ganho. No meio de amena conversa várias foram as
oportunidades de ambos, contudo não se concretizou. Adiado de forma
solene a cada minuto que passava, fazia com que fosse ganhando
importância e significado cada vez maior. Da mesma forma a
responsabilidade pela imortalização do momento crescia de forma
exponencial, dificultando cada vez mais o acto simples, por muito
considerado banal; mas que naquele dia para eles era tão-somente o
selar de uma relação que teimava em não avançar.
Talvez não tivesse chegado efectivamente o momento certo. Talvez não
fosse naqueles momentos o momento certo.
Na margem do rio.
Um passeio simpático numa zona simpática. Ali onde a vertente
cosmopolita se dilui e embrenha pelo que de mais belo tem a natureza, o
passeio foi fluindo com inúmeros gesto cúmplices que se formam
acumulando. Nada era deixado ao acaso, mas mais do que isso, tudo
estava entregue ao destino. O que estivesse escrito aconteceria no
momento exacto que teria de acontecer.
E aconteceu.
Num momento inesperado, num gesto que de tão simples adquiriu sublime importância e significado.