traulitadas @ 13:56

Qua, 07/12/05

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Um destes dias, depois do trabalho senti a necessidade de ver o mar. Durante longos anos esta foi uma rotina que não dispensava, todos os dias tinha que lá passar, olhar nem que por milésimos de segundo aquela imensidão. Contudo e estranhamente, de uma forma inconsciente, foi esmorecendo essa necessidade, só me apercebendo que já não ia ver o mar, quando dele senti falta.


 Lembro-me de certas alturas, que essa necessidade era premente.


 As minhas mais remotas recordações do mar, e neste caso da praia da Torreira, remontam ao tempo em que ainda não existia a “muralha” que hoje existe. Naqueles tempos o mar subia ferozmente no Inverno chocando com as rochas.


 É estranho, agora que falo nisso sempre gostei mais de ver o mar de Inverno do que de verão. Quando falo em ver o mar, refiro-me ao desfrutar dele como paisagem imponente, de vontade própria. Talvez seja isso que sempre me fascinou nele. Por outro lado, o mar sempre me provocou medo.


 Esta dualidade fascínio, medo deverá ser o segredo que de certa forma nos une e nos separa.


Nunca usufrui muito do mar, passando-se largos anos em que o contacto mais pessoal que tivemos foi um simples molhar de pés…


Todas as vezes que o vou visitar está diferente, é diferente. Se há dias que contemplo a sua acalmia, outros contemplo a sua ferocidade. Quando não o visito, quando simplesmente o ouço desperta-me invariavelmente a atenção. O som das ondas á distancia tem um efeito ligeiramente hipnótico, despertando num imaginário visual o seu movimento, a sua espuma branca flutuante, a sua violência de contacto com a areia, o vai e vem, as ondas cruzadas, as correntes talvez fortes, talvez fracas.


Esta é a minha relação com o mar. Difícil de explicar, de compreender, uma relação indefinida, onde a linha que separa o fascínio do medo é ténue.



Anónimo @ 10:24

Ter, 13/12/05

 

Belo texto, a praia da Torreira é realmente um ex-libris, com o areal extenso a convidar ao passeio...

É-nos tão familiar que só quando não estamos por cá é que lhe damos o real valor.kimikkal
(http://www.7meses.blogspot.com)
(mailto:kimikkal@yahoo.com.br)

Anónimo @ 18:09

Qua, 07/12/05

 

Oh Luis eu já te disse que com essa tua veia literária é um desperdício não escreveres um livro... Tens a grande capacidade de descrever e transmitir sentimentos que pouca gente tem. Adorei o texto! Continua amigo! ;-) Lorena
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(mailto:lor_silva@hotmail.com)